Durante um tempo alimentamos a expectativa de que devemos ser alguma coisa… Buscamos isso com afinco. Pensamos que somos ‘algo’ e projetamos toda a nossa vida baseada nessa crença. Até que, geralmente, algo muito intenso nos retira dessa rota e nos muda o caminho. Sabe aquelas situações em que nos perguntamos ‘Mais porquê isso está acontecendo justamente comigo?’, pois é, sinta-se premiado, algo de extrema relevância se comunica com você.
Se estivermos atento à esse chamado, passamos a responder às coisas de forma diferente das anteriores. Pois começa haver uma mudança bem sutil mas progressiva, dentro do nosso ser. O que fazia sentido, já não o faz mais. O que parecia haver gosto, se demonstra insípido ou, em um nível de profundidade mais acurado, ao invés da sensação do aparente sabor do mel, nos damos conta do amargo fel que degustávamos sem o perceber. É nesse ponto, que galgamos em busca do que é real.
Ao passo que isso deixa de ser terrivelmente doloroso (a maior parte dessa caminhada), se torna deliciosamente libertador. É um processo que exige total atenção e vezes ou outra, rola o que entendo como uma espécie de experimentação de uma ínfima partezinha daquilo que se È, uma ‘Fagulha do Ser’.
Esses momentos são muito especiais, neles você se torna mais e mais lúcido. Eles também indicam que você está à caminho da sanidade e não na contra mão dela. É um belo incentivo para prosseguirmos até alçarmos a plenitude de sermos o que realmente somos.
Essa experiência é tão bela e tão intensa que a vida passa a fazer sentido, somente se estivermos apercebidos dessa real natureza.
Nessa percepção do verdadeiro não há uma mente direcionando as nossas atitudes, os nossos sentimentos – através de pensamentos que por fim nos moldam e nos hipnotizam em uma falsa realidade que é comum à todos. Nesse estágio não há nada que nos limita, que nos constrange, que nos aprisiona…
Esse é o estado que todo ser humano (no mais íntimo do seu ser) almeja, mas, que nem ele mesmo sabe interpretar esse apelo interior. Ele está totalmente ocupado em satisfazer as expectativas sociais, representando com maestria um papel dentro dessa sociedade doente, onde ele se confunde com esse tal personagem e corre em todas as direções, menos a da percepção do que se É.
Mas essa ‘Fagulha’ graciosamente se revela dentro de nós, para que compreendamos através da experiência direta, que não somos isso aqui e que, o que está para se manifestar, é realmente pleno. E é, o que verdadeiramente somos.
Um momento dessa experiência transcendental (mesmo que breve) nos eleva e nos impulsiona para dentro de nós mesmos e a maior delícia de todas é se perceber como um Ser pleno e satisfeito.
A meta é essa!
Obrigada Universo, por tal aperitivo.
por Clarice Nunes